Como os hospitais e áreas clínicas podem acompanhar a evolução arquitetônica
3ª Coluna para o Jornal - O Liberal - Publicada em 21/04/2024
COLUNAS - O LIBERAL
Caroline Alves, com revisão de Tay Marchioro
4/21/20243 min read


podem acompanhar a evolução arquitetônica
Como hospitais e áreas clínicas
Ao longo dos anos, a arquitetura vem se tornando um importante campo de estudo em relação à saúde humana e bem-estar individual, por meio, seja da neurociência aplicada à arquitetura ou demais áreas que estudem nosso comportamento. Então, não seria nada surpreendente que esses avanços passassem a abranger espaços médicos e clínicos, por mais que na prática ainda não existam muitas ações de implementação destes estudos em muitos edifícios hospitalares, mas já temos alguns bons exemplos espalhados pelo país.
Há muito, vê-se o termo “cara de hospital” ser utilizado para ambientes extremamente brancos, “frios” e sem nenhuma característica de afeto ou personalidade, mas ambientes hospitalares realmente precisam ser assim? Diversos estudos comprovam que a nossa exposição à natureza ou elementos naturais são capazes de nos acalmar e até mesmo regular pressão e batimentos. Estes são alguns dos princípios entregues através da biofilia, que é uma abordagem de design que costuma realçar as nossas conexões com a natureza, o nosso amor por todas as formas de vida, seja por meio de plantas, jardins, contato com animais ou até mesmo materiais que simulem e relembrem formas e texturas existentes na natureza, como a madeira, a palha, formas curvas e orgânicas.
Em clínicas menores e particulares já vemos bastante a preocupação com o conforto e acolhimento de seus usuários, na intenção de minimizar medos e traumas existentes em todas as faixas etárias. No entanto, quando levamos para uma escala maior, grandes hospitais por exemplo, essa preocupação tende a ser diminuída. O hospital Sarah Kubistchek, em Salvador (BA), foi um dos pioneiros neste sentido. Projetado pelo arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé), em 1994, esse é um espaço que traz vida ao ambiente hospitalar, através de curvas, cores alegres e a presença de muita natureza. Por meio de conceitos biofílicos, o arquiteto projetou o edifício de tal forma que os jardins complementassem as áreas da edificação, hora estando presente em espaços de leito, hora presente em demais áreas de circulação e espera. Essas decisões projetuais foram concebidas para toda a rede Sarah de hospitais e, além humanizar o espaço clínico e acolher os pacientes e seus acompanhantes em um espaço de recuperação, também podem, de forma indireta, contribuir nos resultados positivos das pessoas que estão ali em processo de tratamento.
São muitas as formas como um bom projeto arquitetônico pode contribuir para o funcionamento de um hospital e principalmente na recuperação e recebimento de pacientes, seja por meio de um bom layout e design funcional, por meio do bom cumprimento das normas de acessibilidade, por meio da garantia de privacidade e das tecnologias empregadas, mas sobretudo aliando todos esses pontos ao bem-estar e conforto dos pacientes. Quando se coloca a experiência dos usuários em primeiro lugar nestes espaços, podemos implementar princípios de design que transformem esses locais, hora tão temidos, em ambientes que promovem a cura, o conforto e a eficiência, melhorando assim a experiência para pacientes, funcionários e visitantes. Sem, é claro, desconsiderar as nossas principais normas sanitárias.

