A importância de conservar o patrimônio histórico

2ª Coluna para o Jornal - O Liberal - Publicada em 07/04/2024

COLUNAS - O LIBERAL

Caroline Alves, com revisão de Tay Marchioro

4/7/20244 min read

A importância

          Na última sexta-feira (5), a cidade de Marabá completou 111 anos (Parabéns, Marabá!). Uma cidade até nova, se comparada à Belém, porém de uma grande riqueza cultural, patrimonial e histórica. Se pensarmos bem, os prédios antigos contam muito mais sobre a história da cidade do que apenas textos e fotos poderiam ser capazes, pois poucas coisas conseguem ser tão ricas culturalmente quanto entrar em edifícios de séculos passados e sentir e ouvir o que aquelas paredes podem nos dizer. O estilo arquitetônico, a tipologia construtiva adotada, as cores e tipos de revestimentos utilizados, decoração característica e até mesmo a espessura das paredes são pontos muito interessantes que ao apreciá-los em detalhes podemos nos transportar à época em que aquele edifício foi construído.

de conservar o patrimônio histórico

          No entanto, falta às vezes, por parte tanto do poder público como da iniciativa privada, ações que visem a preservação destes espaços. Cidades com riqueza histórica como Marabá deveriam adotar projetos de iniciativa pública que incentivassem a conservação e restauração de seu patrimônio. Tenho como exemplo o projeto desenvolvido em São Luís (MA), chamado REVIVER, iniciado em 1987. Ele consiste no tombamento e revitalização de prédios históricos no centro da cidade, sejam eles de propriedade privada ou não. Há no projeto, inclusive, a possibilidade de o Governo lhe dar a cessão de uso de casarões antigos a partir do seu interesse em arcar com a restauração deste prédio tombado, iniciativa esta que estimula empresas e empreendedores a revitalizarem um patrimônio importante para a história da cidade. Em troca, lhe seria dado um novo uso e significado, garantindo ainda a conservação e a manutenção dele. Demais, né?

          Há dois bons exemplos de prédios restaurados na cidade de Marabá. O primeiro é o Museu Municipal Francisco Coelho, instalado no Palacete Augusto Dias, uma construção da década de 30 que foi projetada para servir aos poderes executivo e legislativo, que por muito tempo abrigou a Câmara dos Vereadores. Após a reforma, concluída em 2020, ele recebeu uma nova função. Isto por iniciativa da Fundação Casa da Cultura de Marabá e sua então presidente Vanda Américo. O segundo exemplo é a Biblioteca Orlando Lima Lobo, instalada hoje em um prédio que antigamente funcionava como Mercado Municipal. A transformação do uso do edifício ocorreu em 2008, após passar pela sua primeira profunda reforma e, mais recentemente, recebeu um restauro no ano de 2021, com a intenção de dar manutenções necessárias e assim preservar a estrutura do edifício.

          Por outro lado, vemos no núcleo Marabá Pioneira dezenas de casarões que estão completamente abandonados por seus donos e pelo poder público, sendo tomados e destruídos pela ação do tempo, bem como outras dezenas que estão sendo alvo de grandes reformas que alteram completamente a estética histórica da nossa ‘cidade velha’. Isto sem falar nas demolições por completo para ceder a novos empreendimentos. É triste testemunhar o apagamento de um patrimônio histórico. A desvalorização parece não chamar atenção. Então deixo aqui a minha chamada, enquanto arquiteta, para a valorização desta riqueza existente que pode se transformar em diversas atrações turísticas que se unem para contar novas e velhas histórias.

          Inclusive, se eu pudesse escolher um patrimônio da cidade para restaurar e dar um novo uso, certamente seria o barco Plínio Pinheiro - cujo modelo fez parte do ciclo econômico da Castanha-do-Pará. Conhecido em Belém como “Barco Marabaense”, ele é um exemplar produzido artesanalmente na região conhecida como Carapijó - belíssimo por sinal, mas que está parado há anos às margens do rio Tocantins, com baixa manutenção e nenhum uso. Nele eu vejo um potencial gigantesco para um bar e restaurante de bebidas e comidas típicas, outra riqueza da região. E você, qual patrimônio histórico escolheria para salvar?.

Barco Plínio Pinheiro, quando ainda atuava no turismo na região. foto retirada do Blog Hiroshi Bogéa.